A Câmara aprovou nesta quarta-feira (21) a Comissão da Verdade, que vai apurar violações dos direitos humanos durante a ditadura militar.
O acordo para a votação só saiu às 22hs de quarta-feira (21). Deputados e os Ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo e dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, chegaram a se reunir no banheiro em conversas mais reservadas.
O segredo se justificava porque a presidente Dilma Rousseff estava envolvida diretamente na negociação. De Nova York, por telefone, ela foi consultada para dar a palavra final sobre uma emenda do Democratas, que proíbe participar da Comissão da Verdade quem ocupar cargos na executiva de partidos políticos, no governo ou com envolvimento nos fatos investigados.
“Tem que ser uma comissão que vai pensar a história do país, então ela não podia ser um palco de disputas políticas e muito menos do estrelismo de partidos e foi por isso que nós construímos uma emenda que, ao nosso ver, aperfeiçoa o texto”, diz o deputado ACM Neto (DEM-BA), líder do partido.
A Comissão da Verdade será formada por sete pessoas indicadas pela Presidente Dilma Rousseff. Vai funcionar por dois anos para investigar violações dos direitos humanos, mortes e o desaparecimento de perseguidos políticos de 1946 até a promulgação da constituição de 1988, período que inclui momentos de instabilidade política e a ditadura militar. A Comissão poderá requisitar documentos, inclusive das Forças Armadas, e convocar pessoas para depor,
mas não será permitida a abertura de processo na justiça contra torturadores, proibida pela Lei da Anistia, o que desagradou alguns parlamentares.
“Estamos atrás, em relação à Argentina, ao Chile e ao Uruguai. Não é uma Comissão da Verdade, da Justiça. é uma comissão com limitações”, diz o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), líder do partido.
O governo comemorou a aprovação na Câmara, depois de um ano de debates. A proposta vai agora para o Senado.
“Não esquecer significa jamais permitir, e isto é uma marca importantíssima de hoje para as próximas gerações. Enfrentar isso pode ser duro para o Brasil, mas será importante para a nação verdadeiramente democrática e com direitos humanos que o Brasil merece”, afirma Maria do Rosário, Ministra da Secretaria dos Direitos Humanos.
Em Nova York, a presidente Dilma Rousseff afirmou que a aprovação da comissão foi importante para o Brasil e para a posição do país diante do mundo.
Com informações do G1